Entenda um pouco mais
sobre estes mecanismos e, talvez, perceba que todos os outros seguem uma lógica
similar.
SN2:
Substituição nucleofílica bimolecular
De uma forma geral, quando
um nucleófilo encontra um haleto de alquila ele pode fazer duas coisas:
Atacar o carbono
diretamente e deslocar o íon haleto ou atuar como uma base, induzindo a
de-hidro-halogenação do haleto de alquila e produzir um alceno. O último caso
refere-se à eliminação bimolecular (E2). O primeiro, à substituição
nucleofílica bimolecular - SN2.
Mas a pergunta é: porque
cargas d'água iria um nucleófilo atacar um carbono?
A resposta está no simples
fato de que cargas opostas se atraem.
Um nucleófilo é uma espécie química que é atraída por cargas positivas -
algumas vezes, chega a possuir, de fato, carga negativa.
Como o grupo de saída
ligado ao carbono que irá sofrer o ataque do nucleófilo invariavelmente saca
elétrons do carbono, deixa-o com uma carga parcialmente
positiva - um forte candidato para a substituição nucleofílica.
O ataque do nucleófilo
sempre é ao longo do eixo de ligação C-X - o caminho de menos energia para a
reação. Uma das principais características da SN2 é que o processo
provoca uma inversão da configuração do átomo de carbono ligado ao grupo de
saída.
Outro detalhe importante
nesta reação é que não se observa a formação de um intermediário iônico. Como
consequência, nos casos onde, via SN1, o haleto de alquila formasse
um carbocátion primário - altamente instável - as reações parecem optar pelo
mecanismo SN2.
Em solventes menos
polares, também, onde o carbocátion do SN1 é pouco estável, a reação
ocorre preferencialmente via SN2.
Efeitos
que influenciam o mecanismos SN2
Os solventes próticos,
com grupos N-H ou O-H, não são favoráveis ao mecanismo SN2, pois
estabilizam o nucleófilo. Para satisfazer este mecanismo, o ideal é o uso de
solventes polares apróticos, que, embora não estabilizem tanto o nucleófilo,
podem estabilizar o grupo de saída, deslocando o equilíbrio para a direita.
Nucleofilicidade não é
sinônimo de basicidade, mas sim é a velocidade de ataque de um nucleófilo sobre
um carbono eletrófilo. Por exemplo: o t-butóxido é uma base forte, mas um
péssimo nucleófilo, devido a impedimentos estéricos ao ataque.
Amideto, uma base forte, transforma o álcool em
alcóxido através de uma reação ácido-base.
Solvente prótico: Tem um H ligado a um átomo muito
eletronegativo (F,O ou N); forma ligação de hidrogênio. Exemplos: água,
álcoois, aminas.
Solvente
aprótico: Ao contrário do prótico, não
tem o H ligado a um átomo
muito eletronegativo. Exemplos: benzeno, hexano, acetona...
Lembre-se que ainda podem se classificados como polar
ou apolar, e que a escolha do solvente é fundamental para a ocorrência de SN1
ou SN2.
Para favorecer o mecanismo
SN2, o nucleófilo deve ser forte ou moderado.
Nucleófilos bons: MetO-, HO-,
I-, CN-
Nucleófilos ruins: MetOH, H2O,
F-, HCN.
O grupo de saída é
extremamente importante neste mecanismo. Um bom grupo de saída deve possuir um
ânion estável após deixar o carbono.
Os haletos são excelentes
grupos de saída, por que eles atendem aos principais requisitos:
1. Capacidade de sacar
elétrons do carbono;
2. Não ser uma base forte
ao deixar o C;
3. Ser polarizável (para
estabilizar o estado de transição).
Os haletos atendem a estes critérios, mas um dos
melhores grupos de saída é o tosilato (um tioéster).
SN1:
Substituição nucleofílica unimolecular
Os produtos de uma reação
SN1 são similares aos da reação SN2, mas o mecanismo é
completamente diferente.
Nesta reação, não ocorre inversão da configuração do
carbono eletrófilo, e pode acontecer rearranjos do carbocátion: neste
mecanismo, há a formação de um intermediário iônico.
Embora a velocidade da
reação dependa da concentração do substrato, a alteração da concentração do
nucleófilo não tem qualquer efeito na velocidade da reação. Isto significa que
a etapa limitante não envolve a participação do nucleófilo. Neste mecanismo, a
velocidade segue a seguinte lei: v=k. [substrato].
Como o nucleófilo não
participa da etapa limitante da velocidade, a nucleofilicidade do nucleófilo
não tem efeito sobre a reação: isto significa que nucleófilos pobres, como água
e álcoois, podem reagir via SN1. Esta reação envolve a formação de
um carbocátion na etapa determinante da velocidade.
Neste caso, podem ocorrer
rearranjos na estrutura do carbocátion - como a migração de um grupo metila ou
de um próton ligados aos carbonos adjacentes - no sentido da formação do
carbocátion mais estável. Por isso, a estrutura do produto nem sempre se
assemelha à do substrato de partida.
E1:
Eliminação de primeira ordem
A reação de eliminação que
ocorre pelo mecanismo E1 passa por uma etapa inicial com a formação de um carbocátion.
Esta é a etapa lenta, que envolve o desprendimento do grupo de saída.
A etapa seguinte é o ataque do nucleófilo - mas não
sobre o carbono e sim sobre um átomo de hidrogênio (próton) ligado ao carbono
adjacente. O resultado é a produção de dois carbonos sp2, ou seja, a formação
de uma ligação dupla.
A velocidade da reação
depende somente da etapa lenta - não é influenciada pela concentração do
nucleófilo. A lei da velocidade, então, é v=k.[substrato].
O solvente ideal para uma
reação acontecer via SN1 é um que estabilize o ânion liberado e
também o carbocátion formado. O substrato deve ser um carbono altamente
substituído: carbonos primários e
haletos de metila não reagem via E1.
O substrato deve ter um
bom grupo de saída, como haletos ou tosilato. A natureza da base não é muito
importante, pois esta não participa da etapa lenta.
Como a reação ocorre via formação
de um carbocátion pode ocorrer rearranjos, assim como no caso das reações SN1,
no sentido da formação do carbocátion mais estável.
E2:
Eliminação de segunda ordem
O termo E2 significa "Eliminação
Bimolecular", ou "Eliminação de segunda ordem". Como em qualquer
reação de eliminação, o produto tem um grau a mais de insaturação que o
substrato de partida. A de-hidro-halogenação de um haleto de alquila, por
exemplo, produz um alceno.
Em contraste às reações
E1, as reações E2 são promovidas por uma base forte: a base é vital para a
reação, e está diretamente envolvida na etapa determinante da velocidade. Como
a reação é bimolecular, envolve uma cinética de segunda ordem, isto é, duas
moléculas precisam colidir para que a reação ocorra.
A lei da velocidade para uma reação via E2 é
v=k.[substrato].[base]. Como mostra o mecanismo, os átomos H e X precisam estar
em carbonos adjacentes, e o ataque da base sempre é antiperiplanar.
A polaridade do solvente
não é muito importante. Tal como na reação E1, o substrato deve ser altamente
substituído. Como E2 não passa pela formação de intermediário iônico
(carbocátion), não ocorrem rearranjos na estrutura do substrato. Este deve
possuir um bom grupo de saída.
Esta reação provoca o
surgimento de uma estereoquímica preferencial: se os grupos R ligados ao
carbono que possui o grupo X forem diferentes, assim como os grupos R ligados
ao carbono que irá perder o hidrogênio, existe apenas uma orientação possível,
na qual o hidrogênio e o grupo X estão em posição antiperiplanar. Isto pode
levar à formação de apenas isômeros R ou S do alceno.
Reação E2 à geometria antiperiplanar (mesmo
plano)
Os dois grupos que estão sendo eliminados devem estar
em uma relação trans. No caso de anéis de 6membros, os grupos devem estar nas posições
axiais.
Se preferir, baixe esse assunto em PDF, na íntegra, pelo slideshare.
Fonte: QMCWEB
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